20 junho, 2012

ANDALUZIA - A Sevilla de Giovana Teles....

Sevilla é uma cidade para “perder-se”  ...

Escolher o local onde se quer chegar, mas sem roteiro ... a intuição dita o caminho e nele sempre  há praças acolhedoras, ruas cheias de histórias, igrejas, jardins, aromas e cores especiais. O principal guia é a Giralda, monumental. Sempre penso que algo lá em cima, protege, guarda a todos. Aliás, Giralda e Catedral são visitas obrigatórias. A torre da Giralda, construída em 1.184 como minarete, é uma joia da arquitetura árabe/muçulmana. A catedral, do início do século XV, é uma das maiores do mundo. Deslumbrante por fora, no estilo gótico e riquíssima por dentro. O altar principal é gigantesco, com centenas de imagens, dizem, quase  tudo de ouro.  Como latino-americana é impossível não pensar no sofrimento dos povos das colônias espanholas para que todo aquele ouro chegasse ali. Ao lado, outro encontro com a história: a escultura com os restos mortais de Cristóvão Colombo. A cidade - inspiração para escritores, músicos, pintores desde muitos séculos - também é moderna.

Para ouvir esse diálogo entre o novo e o histórico, entender melhor a cidade, a rota é a do Rio Guadalquivir. O passeio dura, mais ou menos, uma hora. Dá pra entender também um pouco da história dos ciganos. Eles não ficaram nos bairros perto do centro histórico, das casas das famílias de elite. O Bairro deles, Triana, é na outra margem do Guadalquivir. Hoje, é o bairro conhecido pelo flamenco. Bailaores famosos moram e têm escola ali. Seguindo pelo rio, dá pra ver a Isla de la Cartuja, que sediou a Exposição Universal, a Expo-92.

 
Sevilla convida a aproveitar os espaços públicos.  A Plaza de España parece querer abraçar cada um dos que passam por ali para ver os azulejos sevillanos, coloridos, com representações das províncias do país. No verão, a fonte central ajuda a refrescar o calor escaldante. A praça é de 1929, já foi usada como cenários de filmes de ficção. A praça fica dentro de Parque de Maria Luísa, uma doação a infanta Maria Luísa à cidade, no fim do século XIX.


O Parque de Maria Luísa ficou ainda mais especial depois que soube do monumento a um dos melhores escritores românticos: o sevillano Gustavo Adolfo Bécquer. Tive a honra de conhecer a obra de Becquer pelas mãos de David Hurtado Torres, outro musico, escritor e amigo. Um busto do escritor fica ao lado da estátua de três mulheres, em tamanho real, que representam o principal tema das Rimas de Bécquer: o amor que chega; o amor que vive e o que morre.  E, falando de literatura, a principal rua comercial do centro de Sevilla aparece em romances de ninguém menos que Miguel de Cervantes. E, no meio da agitação de vendedores e compradores, uma placa lembra que a rua com formato de serpente é parte das histórias da mais importante figura da literatura espanhola.

E o flamenco ... essa arte , mescla dos andaluzes, árabes, judeus, ciganos está por parte na cidade.  Há uma “escola” de flamenco sevillana, de baile leve, em que os bailaores parecem flutuar. A Casa de la Memoria e o Museo del Baile Flamenco oferecem espetáculo de alto nível e , como são espaços pequenos, são shows quase “exclusivos” para cerca de 30, 40 pessoas. O Museo del baile flamenco , além de ter um espaço didático para explicar o que é essa arte e seus fundamentos, guarda um acervo emocionante da história do flamenco moderno: os figurinos dos filmes de Carlos Saura que divulgaram para o mundo o baile emocionante de Antonio Gades e Cristina Hoyos. Impossível não se emocionar ...
Pelo flamenco e por Sevilla se apaixonou nosso João Cabral de Melo Netoque definiu, como ninguém, as marcas que essa cidade deixa na gente:
“Carregamos Sevilha, os dois,
Quem foi e quem lá nunca foi.
Sevilha é como uma atmosfera
Que nos envolve, onde quer que seja,
Que levamos onde que formos
E que cria pra mim um entorno
Que é Sevilha ...
Que onde quer que estejamos sozinhos
Nos traz Sevilha, seu dentro íntimo,
De uma casa que vai comigo
E que invoco quando é preciso.
Então, muda todo o ambiente,
Eis-nos em Sevilha, de repente ...”

Giovana Teles é jornalista, completamente apaixonada pelo flamenco e tem certeza que Andaluzia é a sua casa espiritual.

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Andrea L. Pires
Com Salto e Asas

Andrea Pires

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